uma andorinha...
aquela estupenda andorinha
que eu vejo pelo espelho do meu carro.
está a afastar-se devagar,
enquanto eu fumo um charro.
num dia como este,
chegou esvoaçando pelo ceu azul
e pousando num ramo forte
de uma arvore qualquer perto de mim
ai ficou e cresceu,
crescendo com a arvore que o acolheu.
companhia certa de todos os dias bons,
foi companhia certa de todos os menos bons.
aprendi a amar a andorinha
que não debandava com o chegar do inverno
e que,
persistentemente ficava.
ficando sempre comigo,
aquele passaro era já
um sincero amigo.
ate que um dia,
sem me aperceber,
não o vi voar e
sem querer se perder.
e na altura em que finalmente o vejo de novo,
ou seja,
agora,
não o posso contemplar naquela mesma arvore
onde dias inteiros e a toda a hora
criavamos o nosso Mundo
independentemente de toda aquela massa à nossa volta,
estranhamente nojenta e informe.
não o levo comigo por uma simples razão:
voando, perdeu-se sem o querer.
voando, foi achado e,
de uma outra forma,
apaixonadamente acarinhado.
vejo-o pelo espelho do meu carro,
o meu amigo pássaro,
estranhamente encarcerado.
aquela livre e fantastica andorinha,
é hoje andorinha aprisionada,
para grande tristeza minha...
e fumando este charro,
celebro a falta que fazes
no meu carro.
aquele abraço,
XanaeR